O conceito de estilo de vida inclui diferentes fatores como dieta, comportamento, stress, atividades físicas, hábitos de trabalho e de consumo. O histórico genético e os fatores ambientais estão diretamente relacionados com o estilo de vida, e neste cenário a epigenética ganha cada vez mais destaque e importância.
Este termo passou a ser adotado em meados dos anos 1940. O biólogo Conrad Waddington passou a utilizar a palavra para se referir à maneira como os genes interagem com o meio ambiente na construção dos organismos.
Neste artigo explicamos-te tudo sobre este estudo e a sua importância nos dias de hoje, de maneira simples e acessível. Continua a ler!
Epigenética: O que é e qual a importância na ciência contemporânea
É definida como modificações do genoma que são herdadas pelas próximas gerações, mas que não alteram a sequência do DNA.
Durante muito tempo, considerou-se que os genes eram os únicos responsáveis por transmitir as características biológicas de uma geração à outra.
Entretanto, este conceito tem sido modificado. Hoje os cientistas sabem que variações não-genéticas (ou epigenéticas) adquiridas durante a vida de um organismo podem frequentemente ser passadas aos descendentes.
A herança depende de pequenas mudanças químicas no DNA e em proteínas que o envolvem.
Há evidências científicas que comprovam que os hábitos da vida e o ambiente social em que se está inserido podem modificar o funcionamento dos genes. Essas mudanças podem criar efeitos positivos ou negativos para o organismo.
Em face a isto, a epigenética é a ciência que tenta compreender as mudanças reversíveis na expressão génica. Ou seja, procura saber os componentes que podem modificar a forma como os genes são lidos sem alterar a sequência de DNA.
Qual a importância da epigenética na nossa vida?
Pode parecer que isto e os fenômenos ligados ao genoma são algo de interesse exclusivo de cientistas, mas não é bem assim. As novas descobertas afetam diretamente a forma como encaramos o nosso estilo de vida.
Isso porque, conforme mencionámos, as alterações ocorridas nos genes por fatores externos, relacionados ao estilo de vida, podem trazer mudanças.
Tendo isso em mente, uma grande variedade de doenças, comportamentos e outros indicadores de saúde têm relação com mecanismos epigenéticos.
Entre eles, podemos citar:
- Cancros de quase todos os tipos
- Disfunção cognitiva
- Doenças respiratórias
- Doenças cardiovasculares
- Doenças reprodutivas
- Doenças autoimunes
- Doenças neuro comportamentais
Estudos apontam que podem ser agentes envolvidos no processo epigenético os:
- Metais pesados
- Pesticidas
- Stresse
- Fumo de tabaco
- Hormonas
- Radioatividade
- Vírus
- Bactérias
- Nutrientes
Isso significa que a exposição de um indivíduo a estes agentes pode provocar estas variações, que por sua vez podem ser transmitidas aos descendentes.
É como se, de facto, a alimentação do teu pai ou da tua mãe hoje afetasse o metabolismo dos teus netos.
Neste sentido, um estudo emblemático demonstrou como este processo afetou netos de holandeses que passaram fome durante a Segunda Guerra Mundial, levando-os à obesidade.
Ou seja, a herança que trazemos dos nossos ancestrais vai além do DNA que recebemos deles. Este tipo de estudo é de importância ímpar no entendimento das causas ambientais das doenças.
Estudos neste âmbito podem ser aplicados a diversos campos, e auxiliar em diversas questões que permanecem sem resposta.
O conhecimento que se tem sobre este processo avança à medida em que novas tecnologias são disponibilizadas. Mas ainda carece de muitos estudos futuros. Quanto mais respostas tivermos, mais e novas perguntas surgirão.
Estamos apenas no início da descoberta da epigenética, que é fundamental e intrigante. No futuro pode trazer a cura ou formas de tratamento para muitas doenças ou transtornos para os quais ainda não existe cura.